Mulheres casca
maio 24, 2019
Um (meu) Caminho de Expressão
junho 23, 2023
Um (Meu) Caminho de Expressão
Com juntar – com meçar – com olhar – com fazer
Galeria e Espaço Cultural Duque, Porto Alegre, 18 de março a 8 de julho 2023
A hora é de resgate do trajeto. Em Um (meu) caminho de expressão mostro trabalhos de vários tempos, uma espécie de retrospectiva não cronológica do meu fazer como artista. São pinturas, desenhos e objetos têxteis onde me coloco como ser contemporânea, uma mulher aqui e agora.
Trago trabalhos antigos e pinturas realizadas e não mostradas para estabelecer uma relação entre tempos diferentes do meu processo criativo, coisas que fui guardando sem mostrar, mas que fazem parte da minha história. Coisas que são, na verdade, sua base. A partir delas, sigo meu voo.
O mecanismo de fazer espontâneo e o uso, por meio de técnicas e linguagens diferentes e múltiplas, trazem para o material a minha relação com o universo do qual faço parte, meus personagens trazem consigo um pouco da realidade sensorial de mulher, com deficiência, vivendo neste tempo e lugar.
Conto aqui uma boa parte da minha história. Mostro que, apesar da evolução técnica e liberdade de expressão conquistada na intensidade do fazer e pensar arte neste período de tempo, o trabalho mantém um núcleo de coerência demonstrada na verdade que propõe comunicar.
Cores intensas, fortes, primárias no uso imediato, no gesto da mão. Espelhos, retratos abstratos, permissão da liberdade, do sonho, do desejo, do vazio. O depois no olho, na leitura, no entendimento.
Daisy Viola
Artista plástica
Instrutora de arte no Atelier Livre Xico Stockinger PMPA
Curadora da Galeria e Espaço Cultural Duque
Meu Caminho
junho 23, 2023
Cursei Bacharelado em Desenho e Artes Plásticas na UFSM, de 1978 a 1984, sou instrutora de Artes no Atelier Livre Prefeitura de POA desde1996, fui Diretora do Atelier Livre da Prefeitura de POA de 2002 a 2004 e de 2009 a 2012, sou curadora na Galeria e Espaço Cultural Duque desde 2013, desenvolvo seu trabalho artístico no meu Atelier Individual em Porto Alegre desde 1990.
uma história minha
maio 24, 2019
abstrações
agosto 11, 2014
Abstrações
A descoberta da fotografia foi o que libertou o artista do seu papel de documentador visual da paisagem, das pessoas e dos fatos que o cercava. A fotografia passa a fazer estes registros com mais rapidez e fidelidade, pois não depende da relação afetiva do artista com o momento ou objeto a ser retratado.
Como em todo o momento de extrema liberdade, aqui também houve um tempo de busca de um novo sentido para o fazer artístico, que resultou na ampliação quase infinita de possibilidades e de valorização de elementos que até então faziam parte da obra como recursos meramente técnicos ou complementares.
Assim, a cor e todas as suas nuances, a materialidade da tinta, ou a linha como consequência do gesto sobre a superfície constroem obras independentes do resultado formal, ou se este nos traz informações descritivas de cenas, paisagens ou modelos vivos.
Soma-se a isto, a ‘descoberta’ do inconsciente e sua relação com a narrativa dos sonhos e a valorização destas imagens vindas do universo interno do artista e transformado em obra através do fazer artístico, independente da linguagem utilizada. Libertam-se assim, de vez, a poesia e o fazer poético.
A relação obra – espectador fica também livre do compromisso com o reconhecimento da realidade física do universo que os cercam, dando passagem ao ‘sentir’ o trabalho.
Nesta exposição optamos por apresentar ‘Abstrações’. Trabalhos para sentir a cor, alinha, o gesto, e viver a possibilidade de voar com imagens que não nos trazem necessariamente memórias visuais, mas que mesmo sem saber como nem porque, batem no olho, no coração, na alma…no fundo.
Daisy Viola
a pele que se solta
agosto 11, 2014
Pele que se solta
Dor – feminino – religioso – barroco
A imagem da cobra nadando no rio e esfregando o corpo varias vezes na pedra da margem para que a pele se solte.
Afinal o corpo cresceu e aquela roupa não serve mais – edicse – dói.
De repente, papéis brancos, finos, leves, sensíveis, amassados recebem um ‘reforço químico’ de verniz acrílico para que suportem os passos que vem a seguir. Coisas de mulher. Trazem um pouco da bagagem de muitas. São imagens há tempos guardadas, pedaços de vestidos que um dia foram importantes para a amiga, rendas, tules, lantejoulas e rosas de pano vermelhas, tudo elementos que simbolizam a nossa necessidade feminina de, de vez em quando, ‘trocar de pele’, fazer vir à tona a que está por baixo, mais perto do dentro.
O papel enruga, rasga, amassa, reage, não aceita. Recebe mais papel, mais pano, mais imagem, mais tinta, mais vida, mais brilho, dourados, vermelhos, enfim, se solta, como a pele da cobra.
E olho. Arrepio. Está quase barroco, religioso.
A existência é cheia de pedras pelo caminho. Servirão de asperezas a serem esfregadas para que a pele se solte e nos deixe crescer.
A arte, de novo cumpre o seu papel de materializar um universo individual, porém universal.
Papéis – pele
abril 8, 2014
Volto a agir.
Passo com ferro quente sobre papéis que parecem peles.
Que parecem frágeis.
Que receberão mulheres de grafite + pastel oleoso + Tinta acrílica + tecidos + outros papeis.
Bordo com linha prata.
Cascas que se soltam, como das cobras e lagartixas que se recompõem e se refazem, como eu.
Papeis – peles – cascas que vem de longe como embalagem das mulheres – casca, que estão no baile, como eu.
Trazem as marcas destas viagens, como eu.
Que registros marcarão? Não importa. Importante é que aconteçam. Como as rugas que se instalam.