Mulheres casca

maio 24, 2019

maio 1, 2011

para as mulheres que vem trasformar seus sonhos em fazer artístico

junho 23, 2023

A Palhaça e seu corpo azul
Acrílica s/ tecido s/tela
72 X 64 cm
1997

Um (Meu) Caminho de Expressão

Com juntar – com meçar – com olhar – com fazer

Galeria e Espaço Cultural Duque, Porto Alegre, 18 de março a 8 de julho 2023

A hora é de resgate do trajeto. Em Um (meu) caminho de expressão mostro trabalhos de vários tempos, uma espécie de retrospectiva não cronológica do meu fazer como artista. São pinturas, desenhos e objetos têxteis onde me coloco como ser contemporânea, uma mulher aqui e agora.

Trago trabalhos antigos e pinturas realizadas e não mostradas para estabelecer uma relação entre tempos diferentes do meu processo criativo, coisas que fui guardando sem mostrar, mas que fazem parte da minha história. Coisas que são, na verdade, sua base. A partir delas, sigo meu voo.

O mecanismo de fazer espontâneo e o uso, por meio de técnicas e linguagens diferentes e múltiplas, trazem para o material a minha relação com o universo do qual faço parte, meus personagens trazem consigo um pouco da realidade sensorial de mulher, com deficiência, vivendo neste tempo e lugar.

Conto aqui uma boa parte da minha história. Mostro que, apesar da evolução técnica e liberdade de expressão conquistada na intensidade do fazer e pensar arte neste período de tempo, o trabalho mantém um núcleo de coerência demonstrada na verdade que propõe comunicar.

Cores intensas, fortes, primárias no uso imediato, no gesto da mão. Espelhos, retratos abstratos, permissão da liberdade, do sonho, do desejo, do vazio. O depois no olho, na leitura, no entendimento.

Daisy Viola

Artista plástica

Instrutora de arte no Atelier Livre Xico Stockinger PMPA

Curadora da Galeria e Espaço Cultural Duque

Meu Caminho

junho 23, 2023

Cursei Bacharelado em Desenho e Artes Plásticas na UFSM, de 1978 a 1984, sou instrutora de Artes no Atelier Livre Prefeitura de POA desde1996, fui Diretora do Atelier Livre da Prefeitura de POA de 2002 a 2004 e de 2009 a 2012, sou curadora na Galeria e Espaço Cultural Duque desde 2013, desenvolvo seu trabalho artístico no meu Atelier Individual em Porto Alegre desde 1990.

maio 24, 2019

pequena história minha

uma história minha

maio 24, 2019

T.E. EU (trabalho, espelho, eu). Considero como trabalho artístico, o resultado de informações absorvidas do universo individual e/ou social, processadas no interior de um ser humano e transformadas em objetos através de uma ou mais linguagens escolhidas. Assim o trabalho do artista reflete a sua existência no seu tempo e espaço: Eu, aqui, agora. Aqui apresento a minha experiência vivida desde 2002 em projetos que demonstram a minha realidade e de muitas mulheres com as quais convivi ou convivo. Foi um momento em que me vi cercada por mulheres especiais. São trabalhos inspirados em mulheres como Aura, então com 94 anos, irmã do meu avô, foi uma das primeiras mulheres funcionárias do estado do RGS, desquitada, em 1936; Darci, então com 99 anos, mãe de uma aluna minha, e assunto de muitas das nossas conversas nos momentos de leitura/avaliação de suas pinturas. Firmina, minha avó, e em todas as outras que vieram à frente de seu tempo e derrubaram barreiras para que hoje sejamos mais livres. Trabalhos dedicados a Luísa, Marias Eduardas, Paula, Beatriz, Lívia e outras menininhas que estão chegando e viverão já num mundo mais cheio de conquistas e opções.  Desenvolvo trabalhos de técnica mista (pintura, desenho, colagem, papietagem e têxtil) que trazem como assunto principal as questões relativas à situação das mulheres no universo contemporâneo, enfocando desde a cobrança de um estereotipo de beleza física, coisa que me diz respeito pessoalmente. Como mulher com deficiência física, encaro esta questão diariamente.   A partir de alguns trabalhos já executados, percebi claramente que este assunto não interessa só ao público deficiente físico (com seu distanciamento tão grande do padrão estabelecido pela mídia e pelo mercado de consumo), mas também à sociedade como um todo, pois a busca de uma imagem perfeita se tornou uma obsessão que acabou por desfigurar toda a nossa escala de valores. A destruição destas imagens nos trabalhos provoca a discussão, abre possibilidade de reavaliação, e talvez até, mudança de postura do espectador.   Brincando de bonecas depois dos 40 São trabalhos criados e desenvolvidos usando como material a boneca-símbolo do estereótipo de beleza exigido pelo padrão estético pré-estabelecido. São pinturas-colagens de acrílica sobre tela. Tinta com colagens de papel de seda, tecidos e rendas, todos com uma historia afetiva. Sem a preocupação pelo acabamento impecável, pela questão do refinamento técnico, antes pelo contrario, o que me interessa é a expressão pura, direta, é passar ao outro minha própria experiência do mundo através do trabalho, com a destruição e a reconstrução da boneca, contar um pouco da história de todas as mulheres que buscam esta imagem praticamente inatingível. Como mulher deficiente física e artista, uso o meu fazer como forma de discutir e buscar uma nova possibilidade de ser atuante no mundo contemporâneo.  ‘O Baile das mulheres-casca’ Foi a etapa seguinte, onde trato da multiplicidade de personagens vividas pelas mulheres através da execução de tarefas diversas num mesmo momento: coisas domésticas, profissionais, maternidade, etc.  São ‘móbiles – mulheres’ moldados em papietagem e tecido sobre manequins de tamanho natural, normalmente usados para modelar costuras ou expor roupas em vitrines. Foi um trabalho iniciado e executado a partir de um premio recebido da FUNARTE destinado a artistas com deficiência em 2006. Desde então já foi mostrado em várias cidades como Brasília, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Estas viagens das ‘meninas’ me levaram a querer usar o papel manteiga usado na embalagem dos trabalhos, e que traz consigo todas as marcas destas aventuras. Decidi usá-lo como suporte de uma nova série, que significa uma troca de pele em consequência de outra etapa do crescimento destas mulheres.    Pele que se solta Dor – feminino – religioso – barroco A imagem da cobra nadando no rio e esfregando o corpo varias vezes na pedra da margem para que a pele se solte. Afinal o corpo cresceu e aquela roupa não serve mais - edicse – dói.  De repente, papéis brancos, finos, leves, sensíveis, amassados recebem um ‘reforço químico’ de verniz acrílico para que suportem os passos que vem a seguir. Coisas de mulher. Trazem um pouco da bagagem de muitas.  São imagens há tempos guardadas, pedaços de vestidos que um dia foram importantes para a amiga, rendas, tules, lantejoulas e rosas de pano vermelhas, todos elementos que simbolizam a nossa necessidade feminina de, de vez em quando, ‘trocar de pele’, fazer vir à tona a que está por baixo, mais perto do dentro.  O papel enruga, rasga, amassa, reage, não aceita. Recebe mais papel, mais pano, mais imagem, mais tinta, mais vida, mais brilho, dourados, vermelhos, enfim, se solta, como a pele da cobra. E olho. Arrepio. Está quase barroco, religioso.  A existência é cheia de pedras pelo caminho. Servirão de asperezas a serem esfregadas para que a pele se solte e nos deixe crescer.

setembro 4, 2017

a pele que se solta

abstrações

agosto 11, 2014

Abstrações

 

A descoberta da fotografia foi o que libertou o artista do seu papel de documentador visual da paisagem, das pessoas e dos fatos que o cercava. A fotografia passa a fazer estes registros com mais rapidez e fidelidade, pois não depende da relação afetiva do artista com o momento ou objeto a ser retratado.

Como em todo o momento de extrema liberdade, aqui também houve um tempo de busca de um novo sentido para o fazer artístico, que resultou na ampliação quase infinita de possibilidades e de valorização de elementos que até então faziam parte da obra como recursos meramente técnicos ou complementares.

Assim, a cor e todas as suas nuances, a materialidade da tinta, ou a linha como consequência do gesto sobre a superfície constroem obras independentes do resultado formal, ou se este nos traz informações descritivas de cenas, paisagens ou modelos vivos.

Soma-se a isto, a ‘descoberta’ do inconsciente e sua relação com a narrativa dos sonhos e a valorização destas imagens vindas do universo interno do artista e transformado em obra através do fazer artístico, independente da linguagem utilizada. Libertam-se assim, de vez, a poesia e o fazer poético.

A relação obra – espectador fica também livre do compromisso com o reconhecimento da realidade física do universo que os cercam, dando passagem ao ‘sentir’ o trabalho.

Nesta exposição optamos por apresentar ‘Abstrações’. Trabalhos para sentir a cor, alinha, o gesto, e viver a possibilidade de voar com imagens que não nos trazem necessariamente memórias visuais, mas que mesmo sem saber como nem porque, batem no olho, no coração, na alma…no fundo.

 

Daisy Viola

 

a pele que se solta

agosto 11, 2014

Pele que se solta
Dor – feminino – religioso – barroco

A imagem da cobra nadando no rio e esfregando o corpo varias vezes na pedra da margem para que a pele se solte.
Afinal o corpo cresceu e aquela roupa não serve mais – edicse – dói.
De repente, papéis brancos, finos, leves, sensíveis, amassados recebem um ‘reforço químico’ de verniz acrílico para que suportem os passos que vem a seguir. Coisas de mulher. Trazem um pouco da bagagem de muitas. São imagens há tempos guardadas, pedaços de vestidos que um dia foram importantes para a amiga, rendas, tules, lantejoulas e rosas de pano vermelhas, tudo elementos que simbolizam a nossa necessidade feminina de, de vez em quando, ‘trocar de pele’, fazer vir à tona a que está por baixo, mais perto do dentro.

O papel enruga, rasga, amassa, reage, não aceita. Recebe mais papel, mais pano, mais imagem, mais tinta, mais vida, mais brilho, dourados, vermelhos, enfim, se solta, como a pele da cobra.
E olho. Arrepio. Está quase barroco, religioso.
A existência é cheia de pedras pelo caminho. Servirão de asperezas a serem esfregadas para que a pele se solte e nos deixe crescer.
A arte, de novo cumpre o seu papel de materializar um universo individual, porém universal.

Papéis – pele

abril 8, 2014

Volto a agir.

Passo com ferro quente sobre papéis que parecem peles.

Que parecem frágeis.

Que receberão mulheres de grafite + pastel oleoso + Tinta acrílica + tecidos + outros papeis.

Bordo com linha prata.

Cascas que se soltam, como das cobras e lagartixas que se recompõem e se refazem, como eu.

Papeis – peles – cascas que vem de longe como embalagem das mulheres – casca, que estão no baile, como eu.

Trazem as marcas destas viagens, como eu.

Que registros marcarão? Não importa. Importante é que aconteçam. Como as rugas que se instalam.